21 / 08 / 2025 - 12h12
Israel aprova assentamento na Cisjordânia e dificulta criação de Estado palestino

Israel aprovou oficialmente, nesta semana, um controverso plano de expansão de assentamentos na área conhecida como E1, localizada entre Jerusalém Oriental e o assentamento israelense de Ma’ale Adumim, na Cisjordânia ocupada. O projeto prevê a construção de cerca de 3.400 a 3.500 unidades habitacionais, em uma região estratégica que conecta o norte e o sul da Cisjordânia. Para críticos e autoridades internacionais, a decisão inviabiliza na prática a formação de um Estado palestino viável e contínuo, aprofundando o conflito e afastando qualquer possibilidade de solução de dois Estados.

 

A proposta de construir na área E1 esteve congelada por mais de duas décadas, em grande parte devido à pressão internacional. No entanto, o atual governo de direita liderado por Benjamin Netanyahu retomou o plano com força total. Um dos principais articuladores da medida foi o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, conhecido por sua postura ultranacionalista, que declarou que a iniciativa “enterra a ideia de um Estado palestino” por meio de ações concretas e não apenas discursos políticos.

 

A aprovação do assentamento preocupa especialmente por suas implicações geográficas. A área E1 é considerada essencial para garantir a ligação territorial entre Jerusalém Oriental — vista pelos palestinos como a futura capital de seu Estado — e o restante da Cisjordânia. Com a construção planejada, a região será efetivamente dividida, isolando comunidades palestinas e impedindo a mobilidade e a continuidade territorial necessárias para a formação de um Estado funcional. Organizações como Peace Now afirmaram que o objetivo do projeto “é sabotar qualquer solução política baseada na convivência de dois povos”.

 

 

A comunidade internacional reagiu com duras críticas. A Organização das Nações Unidas (ONU), a União Europeia, o Reino Unido e países como Alemanha e França condenaram a decisão. A diplomacia britânica classificou a medida como “uma violação flagrante do direito internacional”, enquanto a ONU alertou que o projeto representa um obstáculo direto à paz no Oriente Médio. A Liga Árabe também se manifestou, classificando a aprovação como uma provocação e um ato hostil ao povo palestino.

 

O avanço do projeto E1 ocorre em um contexto geopolítico delicado, com o governo israelense endurecendo sua postura militar e diplomática, especialmente após as pressões internacionais para o reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da ONU prevista para setembro. Ao mesmo tempo em que intensifica operações militares em Gaza, o governo Netanyahu busca consolidar fatos consumados na Cisjordânia. A decisão pode aumentar o isolamento diplomático de Israel e comprometer ainda mais os esforços por uma resolução pacífica e duradoura do conflito.

 

Redação

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